(Tão redondas são as horas tão inúteis e tão longas...)
É deveras importante ter carinho com as palavras, por que hoje sei o quanto machuco e sou machucada por elas, caso, me entendas agressiva, saiba que suportar dores tão fortes quanto antigas reside numa mulher sem pátria, que só tem ventre que sustenta corpo, e voz para cantar e contar histórias.
Certamente nunca houveram tempos melhores ou piores que estes, só houveram tempo, e a dor desses tempos é por vezes demais severa, e faz com que carreguemos em nossas capela-corpos-túmulos, o epitáfio de nós mesmos em rugas.
Não sei se tenho medo da morte, ou apenas a espero, e tanto o medo quando a espera jazem no fundo, no poço de mim, por vezes a força de calar, e apenas ver, despende uma energia tamanha... nunca foi minha escolha, é apenas uma questão de privar-me de mais uma situação de mal gosto, e intriga interna
MENDIGASAUDADE
Sou um ser de saudade,
minha saudade é um mar calmo,
profundo, frio, que invade
de azul escuro tão cruel quanto belo.
O mundo me impõe sua cela
Ao vê-lo me guardo a mim em capela
Tão bela a saudade
Saudade de tudo que não sou nesse instante
Saudade de tudo que não tenho nesse instante
Sou ser de falta e saudade resignada
Por que o tempo não abarca minha espera
Meu desejo é sempre Quimera
E tudo que sei que peço sempre peço demais
Por que sou feliz, tamanha a infelicidade do último momento
Meus amores não gratos
Meu grito silenciado
Minha voz em grave de ventre interiorizado
Saudade de um ser mulher livre que nunca fui
De viver fora de amarras – nunca vivi
De viver sem a pena melancolia que nunca morre
Mas escorre por meus olhos e por meus dias
Tal qual o orvalho se chora na folha
E jaz na terra pela manhã
Sou saudade
Sou doce de romã
E apenes reviver em verso em canto
Todo espanto
Diante o tempo de regras restritas
Que come a vida
Que me despede da menina e jaz
Nem morta nem viva
Me morra em mim sob paredes
Espremida, entalhada des em minha graça
A vida se esvai tão barata de graça
Sem abraço, ou consolo
Na dureza resignada
Meu choro meu coro
Minha oração
A saudade desbravada na vida sem opção
De destroços que se entalam em garganta
Corte exato, em jugular sublime
A vida mata
Por que a vida que se vive não esta contida
A vida que se vive esta nas entrelinhas
Esta no verso disperso da menina
Esta na rima e no ritmo dos ciclos
De aproveitar, e colher sabedoria
Não de ser sabotada por si mesma agonia
Se canto hoje em lamento
É por que sou só em sentimento
E a vida me fez sensível aos dizeres de minha morte.
E hoje me resta a Saudade
Saudade – minha única sorte.
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