Bem Vindo às Minhas Insanidades!!!

Estou consciente de algo em mim: Dê-me papel e caneta, e terei a honra de lhe reapresentar o mundo, através de minhas lentes, com um pensamento feminino ativo que vê o mito e a magia como algo certo e empírico, e que de vez em quando chupa as bolas do Deus Ciência.

Dentro de uma só Mulher, moram várias mulheres. Essas mulheres dialogam entre si, em busca de sua unidade e sobrevivência.

Quero falar sobre Essas mulheres (e não só as minhas personas) mas, as outras mulheres no mundo, enfrentando, ou se sujeitando a Lei Deles.

Quero falar de como podemos tornar o mundo um pouco mais Delas...

Quero contar e cantar a Arte D'Aquelas Mulheres: Bruxas, Magas, Feiticeiras, Fadas, Cortesãs, Esposas, Mendigas, Drogadas, Artistas, Bailarinas, Filhas, Mães e Avós...

Nesse mundo Eva é aceita porém subjugada, e Lilith... rsrsrs

Eles tentam calar, amordaçam nossas Liliths, é hora de lutar por nosso direito ao prazer e a magia de ser Mulher.

Eu sou uma Guerreira de Lilith!!! E nós Somos Muitas!!!

Aquela Mulher

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Dramaturgia de Improviso

QUESTAO DO ADEUS: CONCILIAÇÃO INTERNA

 A primeira Entrava na sala inspirada e grata...
O mundo parece coberto de flores, brilhante como o Sol da manha, tudo parece entrar dentro de mim sem pedir licença, porem devagar, sem angustia ou desespero.

E quando mesmo o mal a mim se revela, ele se revela através da vida possível de se trazer em peito, em ventre em alma inteira. Pelo simples fato, sou inteira, por que crio.

Mesmo que o mundo traga diversa dor a meu ser Mulher, a meu ser humano, a meu ser animal, ou só a meu ser que é. Em mim transformo, e por mim revelo, sem transtorno, método ou receio. Meu segredo é que transformo, por que tenho os pés fincados na terra, e a cabeça aberta e pronta a entregar-se a todo e qualquer céu.

*A segunda que surge de trás da primeira como sua sombra, revelando apenas a parte superior do corpo que se inclina, como desdobramento da primeira.

Irada diz insistente.

(deboche) Me finjo feliz, por que prefiro fingir a vida que vive, a viver a vida que mata. Não é grande sua hipocrisia?

*A primeira emburra-se, irrita-se.

*A segunda desdobra-se a outro lado.

A vida mata sim, mais fácil pensar ser criativa, do que pensar que tudo que se cria, é a morte, é o túmulo - o mesmo que o ventre. E que todo o mundo tem suas regras impostas de morte.




*A primeira congela triste.

*A segunda toma sua frente.




*A Primeira suspira:

Esqueça a loucura, esqueça os moldes na qual tentam te colocar, esse e o sofrimento, sua escolha em se dizer louca, em vez de se dizer normal, o mundo esta louco contra ti, o mundo esta dentro do que você concebe, diga Adeus a Loucura, diga Adeus ao que não existe.


E quando olhar dentro de si mesma vera o universo que vejo, e criaremos, em nos sem os limites impostos, e criaremos – desconstruindo ou construindo, criaremos...


Diga Adeus a loucura, e olhe a verdadeira beleza da humanidade, “libertando-se” para libertar. Dizer Adeus ao mundo – tão dramática é você!

*A segunda tensa e chorosa.


Agora simplesmente te entendo... Enquanto dormia eu sonhava: Queria tragar o mundo através da vagina a meu ventre, e pari-lo de volta, certamente seria um mundo melhor.
Quero ser a mãe do mundo!


Direi Adeus a loucura que disseram ter, para que eu esteja livre de limites, para que em construção ou desconstrução – se e que não são o mesmo – eu seja Eu, eu seja EU, EU.

E direi Adeus a loucura, sendo livre através do meu conforto e paz, a partir da diferença que existe em nós.


Que julguem-me o que puderem.. Eu digo Adeus a Loucura.
Nunca mais direi-me louca, quero dizer-me Eu.
A primeira sorri, e abraça a segunda, juntas em criação.

Mayra Beleza Portela

Preciso dizer Adeus ao mundo?

*A primeira empurra a segunda passando a sua frente.

Vem você me dizer coisas sobre loucura?

A loucura, é um conceito criado para matar, devemos nos livrar desses padrões que nos afastam do belo, e entender a beleza na mais fina poesia, sou criativa – não destrutiva, por que tudo em mim, vem de um amor que me dissolve. Aprenda a dizer a Adeus, a tudo que te ensinaram que você é.

A partir do amor que sinto transo com o mundo divino em sua graça, um mundo com o qual eu transo, um mundo que me semeia, que traz cheia, e pronta a criar, estou grávida, da flor divina do mundo, em dor ou felicidade, já não me importa, importa que venha o novo importa, que o novo viva encante, e crie por si só.

*A segunda sacode a primeira.

Estou cheia das suas falsas verdades belas que não entendem a minha dor, Sou louca, quero ser louca, preciso ser louca, e enquanto você vive criando, eu vivo morrendo, e tudo que eu desejo, e destruir o que impossibilita o ser de ser o que sou sem medo. Por que ninguém nunca vê o quanto todo mundo esta frágil diante do mundo, o quanto Deus ri de nossas caras enquanto nos joga a situações que a quem vive e ridículo, por vezes sozinha rio da minha própria cara.

Sim, Deus esta de sunga rocha na praia sentado, deliciosamente e ele ri da minha cara, ri por que estou presa num corpo de carne, que tem frio, fome e medo e ele esta tão forte e distante disso, que me resta apenas tentar (deboche) em minha humilde condição humana amaldiçoar e debochar da cara de Deus. Que me matem. Vou dizer Adeus ao mundo!

*A primeira apóia sua mão calma sobre o ombro da segunda.

Será impossível nos conciliarmos?

*Sentam-se uma de frente para a outra.

*A primeira diz:


Você esquece-se de Deus quando o coloca servo da moralidade e servo de sua Própria punição.


*A segunda responde:


Você não conhece Deus por que esta cega, eu sei da verdade por que sou Louca, e os loucos são ditos loucos por que conhecem formas da verdade que jamais se adequariam a um mundo tão mentiroso quando o nosso. Onde nada e certeza, e nada satisfaz desejos, sonhos e vontade. Estou irada com o mundo, e me sinto a única contra Deus.
Direi Adeus ao Mundo!

Das Senhoras da Noite


 Lá estava eu... perdida entre atmosferas... densas e suaves...

Perdida entre ritmos... lentos e fortes

Nas inconstâncias constantes de minha essência...

Na escuridão... o ranger de dentes...

Alma eufórica... ou paralisada

Respirando a magia...magia?

A magia do tempo?

A magia do entre tempos...

Será essa a real magia da vida... morte?

Ou será dela Deusa escuridão o começo inimaginável do todo e o termino gélido do que não se sabe...



A que cria e que destrói...

E que todo será esse?... Se existem tantos mundos?

Tudo é possível.

Se eu que acreditei... pude andar por essas existências guiada por um Sátiro Poeta...

Existências fascinantes, talvez por muitos... viajadas


Talvez muitos ... assassinados

Talvez por muitos ...alcançadas...

Ali a solidão era difusa, a energia tensa, tenra e confusa...

Quantos nomes terão essas terras, de antigos donos quase esquecidos...?

Figueiras no inverno...

Mascaras... Deusas que dançam na escuridão...

Talvez elas dancem na própria solidão?

Terão os deuses lágrimas mortais? Se as de Freya são de ouro?

E que feras são essas que correm sozinhas pela noite...

As feras internas das entranhas bruxas... e as externas do além?

O desprendimento da gargalhada lunar...

O barulho do brinde do vinho... do cheiro... da vida ... do sangue...

As espirais que giravam, nas arvores das três... Luas...



......Deusas........

Tal qual o caldeirão ...


Tal qual o ovo ...

Tal qual a encruzilhada...

Ceridwen, Hécate, Freya,Morrigan, Nix, Nut, Lillith, Inana, Diana, Kali, Hell, Mania...” ARADIA”


Á Uma mulher que tece a noite...


 
Aradia at Nox - 2006

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Ao pinto Juarez

(Dedicada e inspirada em Fernanda Fratte - História real)

Juarez, Juarez...
Que bem você me fez!!!

Foste o pinto que nunca tive

E a saudade hoje inside

Neste todo o meu querer

Juarez, meu pintinho

Pretinho, pequenininho...

Quanto bem você me fez!!!
Juarez, meu amigo

Triste mas fui proibido

de levá-lo comigo

Juarez, sem abrigo
Hoje é pinto amigo

de imaginário qualquer.

Juarez, ordinário!

Não fuja de mim!

Sou teu proprietário!
Juarez, meu pinto
Juarez...

Quanto bem você me fez!!!



Mayra Beleza Portela








































De Agora e de Dentro...

Perseguem-me em passos lentos
Fantasmas, fantasmas de meus pensamentos.
Sentimentos, tensos e tenros de se mostrar
Devaneio, num viver se realizar
Não sei sou daqui, não sei da onde venho
Mas, o que importa é que cheguei
Não sei onde me perdi, não sei onde me perderei
Mas eu estou aqui
Eu estou de pé
De raiz no fundo dessa terra
Ao centro do fogo
A vida incinera
De mente cósmica e aberta
Estou só no caminho belo
E grávido das minhas idéias
Se sente mulher que se sente
Quando sente chora e ri por que sente
Acredite-nos quando somos livres!
Libertai-nos quando somos presas!
Me tire do avesso vento, já canso de aparecer de transparecer
Me visto sempre e eu sou pelada
Me dirijo  - me viaja
Embriaga de artistas a vida rítmica que nos é latente
Gente gosto de gente
Criar dançar, para bebermos
Conter e criar
Degenerar
Somos livres no mundo da malícia
Somos livres
Sobreviventes contra a polícia
Viventes de eternos cantares
E cantaremos, mesmo quando não somos solicitados
Por que estou vida
Decifrei minha teoria
Minha Ode – Minha fantasia
Meus Amares e minha agonia
Onde antes tristeza trazia
Hoje se abre a brisa tardia
O leve cantar de uma outra manhã...


Mayra Beleza Portela

sábado, 20 de novembro de 2010

Canções Narcísicas de Dama Escarlate

LÁGRIMAS DE SEREIA...



Canto ao longe ... distante...


Face de cristal

Névoa do amanhecer...

Ela canta distante...

Ela canta ao longe...

Sua voz quase morre ao sopro do vento...


Uma triste feliz emoção

E ser e estar viva...

Como se o sangue se agitasse dentro de mim

Minha alma gritasse...

Eu só precisava ser ouvida

Entre tantos sonhos

Entre tantas fantasias

O erotismo esquizofrênico

Ser desejava

O vento me beijava e me tocava

Com a vitalidade de um terno Deus
Antes que da vida me tirassem o brilho

E me fizessem viver só de dia

Eu amaria todas as noites

Eu amaria a mim todas as noites

Eu me seria completa

Eu me seria intensa


Eu seria fera

Eu seria felina

Eu seria ave

Eu seria feroz


Minhas asas rubras

Mulher dos horizontes


Eu ouvia uma voz distante

Uma voz dentro de mim...

Uma voz que encanta

Uma voz que mata


Minha voz

Minha voz forte

Minha voz em morte

Minha voz recorde

Seca de um encanto...

Oh mar azul...

Oh triste destino...

Viver sua natureza.

E antes que meu corpo pedisse sangue

Aquele cheiro me fascinava

Meu olhos fixavam

Minhas asas se abriam

Minhas garras se mostravam...


E eu me vi eu cantava....

Ao longe... distante

Distante é a musica dos amores infelizes

E mais distante é a compreensão

Eu só queria fazer alguém feliz
 
Agora olho mais um triste cadáver

Minha boca sangra

Meu corpo vibra

Meu coração chora...


Essa é minha natureza

Talvez algum dia alguém quebre essas correntes???


Eu cantava longe .... distante....



 
LÁGRIMAS DE SEREIA...


Dama Escarlate – 05.10.2006



terça-feira, 16 de novembro de 2010

Ode a uma tal Bunda e sua composição:


Seu gozo – Ah! Como me deleitaria!

Te almoçar, te jantar, te comer – Todo dia!

Amando a pica que nessa hora

Tanto amaria, me bastaria, preencheria...

De suspiros e enfeites minha alma

Enquanto meu suspiro tua alma tragaria

Delicia – gozo meu – Alegria

Abençoadas sejam tuas costas

Tua barba que me roça

Sua louca poesia

De hard rock

De bateria

Mais inda mais abençoada que tuas costas...

É tua Bunda! Como eu a queria


 
Meu cio – meu devaneio – fantasia

A leveza das tuas curvas

O desenho do teu corpo

Tua simétrica presença

Que se a presença em bunda e delícia

Sob meus olhos em cada sinal

A bunda senhora de meu pensamento

É uma bunda real

Abençoada é tua Bunda celeste

Bunda

Que se empina em minha pressa

Que se entrega a minha peça

Bunda que inda não me deste!

Agora meu desejo é ansiedade latente

Que me arrebata ardente

Adoro-te na melhor coisa que se sente

Sua bunda é perfeição

O melhor do deleite

O gozo maior em exaltação

Ode a bunda mais bela que já vi e senti

Ode a bunda tão mansa e exibida

É a bunda da minha vida!

Te quero terno

Te quero manso

Te quero duro

Te quero todo

Dentro de mim – minha loucura

Paixão e inspiração

Meu mau – meu fim

Desejo maior em mim: Tua bunda

Pela Bunda Dama que me incita

Com a delícia tão tua que me excita

Preciso engolir os teus pedaços

Amantes de amassos

Gosto mais inda de ti por que és o Senhor...

Da mais bela Bunda – meu eterno Amor!



Mayra Beleza Portela 10.11.2010

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

ENSAIO AUTO-BIOGRÁFICO DE ATRIZ SEM NOME


Eu nasci. Não minto desculpe, minto. Eu não nasci exatamente.

Na verdade pelo que me contaram... Algum dia eu devo ter lembrado de alguma coisa sobre o meu inicio, bom, certamente minha “Mãe” me pariu.

Fui Parida. É assim que o mundo quer que eu comece a contar minha história. Mas, não posso contar nada, nada que eu não tenha vivido, nada que não tenha me atravessado, como a garoa me atravessa enquanto subo ruas a noite fria... sozinha... pequena e largada, nessa bela e maldita cidade.

Filha Urbana de um Deboche Trágico.

Não nasci. Minha “Mãe” não me pariu. Nada em mim é sequer parecido com a história que o mundo gostaria de ouvir da minha boca.

Brotei, não como brota uma flor em Primavera, da terra úmida e fresca. Brotei de um bueiro, em meio a asfalto e concreto, do fundo do esgoto, do fundo do lixo. Brotei, como flor de lixo urbano já sem utilidade.

Quando nasci no mundo das entranhas do esgoto, eu já era Mulher, nunca criança ou menina, já nasci com toda fragilidade de uma mulher, jogada sozinha, entre carros e homens e mulheres doídas, no fundo de uma cidade machista, e agressiva.

O Mundo cinza e preto e branco, me odiava, e eu odiava e amava, o preto, o escuro, o cinza, a sombra, o branco sem cor, por que esse foi , e este é o cenário que me foi concedido. E antes que eu pudesse ter escolha sobre amá-lo ou não amá-lo, ele já era tão parte de mim... cada centímetro da sujeira e poluição da cidade, cada centímetro tóxico, era uma expressão de mim, em pura essência, sou um bicho urbano, com meu corpo de concreto e olhos cimentados.

Quando brotei, percebi, ela veio diante de mim, a Primeira Obrigação, e a Pior de todas: Quando nasci, fui obrigada a Existir no Mundo.

E.X.I.S.T.I.R. N.O. M.U.N.D.O. : Eu lá quero existir no mundo?

Um mundo que me escorraça, arregaça, fode e dilacera.

Transforma sonho em Quimera

Princesa em Megera

Quem me dera, nunca ter brotado.

Não lembrando do que fui, tornei-me um vazio de ser, um lugar sem lugar, um abismo, uma vertigem qualquer, um inverno tão torpe, tão melancólico, tornei-me tão frágil, e minha pequenez tão astuta, que aprendi a camuflar-me entre o cinza da cidade.

Andava tensa, meus passos voados, minha admiração pelos animais da cidade, por sua patética podridão tão humana, tão limpa, uma admiração ao nojo me brotava, enquanto o cheiro do esgoto esgotava o pouco que bastava do meu cérebro.

O Mundo é engraçado – ridículo.

Sempre tudo tende a um cinza. Cinza Existencial.

Sou capaz de escrever milhões de anos para dizer o quanto Existir no Mundo me agride, para dizer, o quanto eu estou triste, humilhada e indignada, por que a todos os cantos que olho, não encontro acalento. Sou eternamente uma piada de mal gosto.

POR QUE TUDO ME DIZ, ONDE ESTOU, O QUE ESTOU FAZENDO, QUEM EU SOU QUANDO ESTOU SENDO, E O QUE DEVO FAZER.

E eu só queria ficar sendo... quietinha, minha liberdade é tão calma, é tão quieta, ela é feita de um pontinho pequenininho dentro de mim, um lugar tão sensível, um cantinho só meu, onde nada nem ninguém consegue chegar ou entrar sem minha permissão.

Por que sei, que o mundo quer roubar tudo de mim, e é aqui, o limite e inicio da minha insanidade.

Livre das bases que sustentariam uma história de vida, como sou uma Mulher sem nada, o meu ser ganhou o mundo.

Quando senti que um nada, que o esquecimento, que a falta de noção se apoderava do meu Eu, uma onda selvagem de desespero branco, lavou-me dos pré-conceitos, e conceitos, perdi toda uma construção, alçada de uma realidade, que odeia quem não a serve – fugi.

Aquele que não possui a estrutura precisa, a estrutura necessária a ser um cidadão, a ser uma pessoa, a ser um profissional, a ser uma micro-máquina da Grande-Máquina: Inútil, improdutivo, desprovido de forma e nome.

Eu preferi esquecer. E hoje eu não lembro. Pedi em Ritual sagrado, em meu sangue sacrifício. ESQUECI.

E quando olhei o vazio dentro de mim. O Nada.

Deixei que o tudo me atravessasse como a chuva, e quando o tudo me atravessava, o pequeno o não visto, e também o abominável, era para mim o tudo da hora que me sustentava.

As vezes minha única razão de existir, e ver a chuva enchendo o copo do meu ser vazio e transbordando.

E quando a água transbordava ela batia no copo, e eu sentia prazer e agonia, eu tinha medo que parasse de chover, minha ânsia e desespero perante qualquer coisa, que me enchesse de alguma COISA, tornou-me uma mulher masturbatória.

O tesão provocado pela fricção de meus dedos em meu clitóris, era um jeito de sozinha encher meu copo vazio de alguma coisa. Eu sonhava ser preenchida.

Eu sonhava ser preenchida por um membro forte, que ao atravessar-me arranca-se de mim, as marcas dos chicotes do mundo que me espancava, a cada porrada, o êxtase triste de um rejeição, e novamente um melancólico abandono.

Devo confessar que me apeguei a diversas sensações torturantes como um meio de existir, por que quando sinto estou cheia, mas por vezes eu Nada sinto, e nada enche o copo vazio de meu espírito.

Desse nada que posso tudo estou sempre cheia, e no meio desse nada suspenso o ponto único da liberdade, esse é o segredo, que meu esquecer me fez mãe.

De certo, percebem que SOU ATRIZ, na verdade decidi isso quando percebi que quando não sou nada, posso ser tudo, e não de maneira bela, e nem de maneira nobre passei a atuar num pequeno teatro.

Perdida vagava nas ruas, não sei a quanto tempo, não sei porque, mas sei que pelo meu estado não deveria fazer mais que um ou dois dias.

Acordei sentada em uma sarjeta, suja e descabelada, meio bêbada, com a roupa meio rasgada e bastante suja, ainda de chapéu, e sem um tostão se quer, deveriam ser umas 16:00.

E simplesmente: Nada fazia sentido. Eu havia brotado a pouco do bueiro. Eu havia acabado de nascer, e essa era eu, e tudo que eu era, e tudo que eu sei de mim se resume a essa cena.

A única, a única lembrança, que foi capaz de fazer chorar durante horas, sentada na mesma sarjeta (meu berço), era a lembrança dele.

A lembrança de um homem lindo, de uma noite linda, de um sexo lindo, de um cheiro lindo, de um abraço...

Isso existia?

Eu não sabia e só chorava e chorava.

Abri minha bolsa: um maço de cigarro pela metade, algumas bitucas, um batom escuro e só.

Eu não tinha nome.

Eu tinha esses pertences. Bom, olhei para os lados, certamente alguém me reconheceria, talvez aquele homem lindo, talvez aquela tivesse sido a noite anterior... bom, minha ilusão não durou muito, sempre serei sem certeza, mas penso que antes minha vida não fosse melhor.

Penso que preferi esquecer, e a cada pessoa conto uma história diferente, eu conto histórias, talvez eu até esteja me enganando a ponto dessa ser só uma delas... rsrsrsrs

Pedi à um homem que passava o isqueiro emprestado e acendi um cigarro.

ATENÇÃO: Meu primeiro impulso de vida, meu primeiro desejo suprido – Fumar um cigarro.

Quando uma pessoa precisa de um prazer cinza para saciar-se, saibam: Ela deseja a morte, e a morte caminha lenta a cavalo, a Morte é bela e cinza, mórbida e selvagem.

Acho que eu mesma parecia morta, certamente eu estava cheia de Nada, tal qual um cadáver, mas eu era um cadáver fumante e amaldiçoado, um patético desespero, e uma deliciosa e debochada liberdade se apossava de mim!

Eu era a Dona do Mundo! Todo Aquele Cinza era meu! A cada trago o mundo cinza entrava através de minha boca e era parido.



O Cigarro por um instante foi o símbolo sagrado da Minha cidade, com sua fumaça grosseira, seu prazer oral maligno, e com a certeza da finitude que se instala a cada trago... quando ouço o chiado, um medo e punitivo deleite se apossa de mim... Meu pulmão se enche, e chia e grita, ele esta sujo, que mal posso respirar, ofegante, seus gritos agudos, assustados, tosse... Não sou boa dos pulmões, só capto o cinza, o preto e o branco.

Eu era a Mãe do Mundo, só eu via tão cinza quanto cinza, e a cinza do cigarro eu batia dentro da bolsa, pelo simples prazer de não perder nada, de trazer tudo para mim, “eu sou uma frágil mulher poderosa”.

E de repente o Nervoso, fiquei nervosa, e comecei a fumar rápido e andar de um lado para o outro e mordiscar a boca, na mente só uma fixação: A Pica do lindo homem.

E não que eu fosse uma tarada ou coisa assim, eu só lembrava dele, e apesar de só lembrar dele, ele em nada me pertencia, e eu queria que ele pertencesse, que ele me preenchesse, por que eu não tinha nada.E de certo nem sei se gostaria de ter... devo estar alucinando... ou bebi demais na noite anterior...

Me olhavam homens, com olhos imundos, vários... eles pareciam feras diante da presa, eu era uma presa fácil, por que nada me valia, e também, quando não se sabe nem seu próprio nome, o que mais pode-se esperar?

Perguntei a um moço que me olhava menos fixo e mais atento: “ O Sr. me conhece? Sabe meu nome?”

Ele riu com desprezo, e continuou andando.

Eu aprendi então que: Sou uma marginal, e que tenho medo medo dos homens, eles pareciam querer me destruir tanto, e eu não tinha para onde fugir, por que nem a mim mesma eu tinha, mas eu tinha cigarro.

Cigarro, cigarro... o cigarro acabaria... o cigarro ACABARIA.

E eu virgem no mundo, acabava de descobrir que para viver eu precisava de Cigarro, tantas pessoas precisam de comida, de água, eu precisava de Cigarro, por que tudo que eu sabia sobre mim – era que eu fumava.

Eu olhei para mim, buscando reconhecer-me, eu era uma mulher de chapéu, sobretudo, vestido curto, botas, bolsa preta, batom escuro, e cigarros, e bitucas e cinza. Agarrei-me a isso, eu era só isso, e uma lembrança.

Entrei num boteco qualquer em direção ao banheiro feminino, olhei-me no espelho, que ficava diretamente em frente do mesmo.

GRANDEZA

Fazendo poses de Diva: Uma linda mulher degradada. Amei-me.

Eu ria e ria, sórdida e incapaz de pensar, tão pouco dei-me conta, que me abraçava, enfiando a cabeça, em meus próprios seios, toda a florescência do meu corpo gritava, precisava de minhas carícias, eu era linda... merecia minhas carícias.

Me apaixonei pela maquiagem borrada, pelos restos de uma Mulher, pelo que sobrara, o esqueleto de mim, me possui, e sem passado, amei cada traço de dor e sujeira que marcavam minha pele, eu era o pior e o mais nobre de mim, sem sequer encostar em um dos dois.

Dado momento olhei-me em frente ao espelho, um porco espelho, de reflexo gorduroso pela proximidade do banheiro com a cozinha do bar, vi ao fundo de minha imagem – uma Privada.

Privada, vaso sanitário, receptáculo de bosta.

Quando o vi – Amei.

Louca, desassociada – demente

Amei.

Enlouqueci.

Sabia que o espelho refletia quem eu sou – no reflexo: “eu” e uma privada.

Eu era como ela, ela era meu terceiro reflexo, meu subtexto, minha verdade, eu Era, eu Sou (como se tempo verbal importasse) um grandessíssimo Receptáculo de Bosta.


A bosta é o podre que resta, e o podre expelido do corpo nobre por que sobra, e eu fui expelida de uma Bela mulher, o que restava como inútil desta... como disse – Minha mãe é um bueiro e eu sou sua bosta, fui cagada, expelida – Brotei, do cú de uma rua qualquer de Cidade de Cidade.

Sou um Receptáculo de bosta, e amei-me demente em ser o que sou, um narcisismo dito deplorável, o meu esquecer e a minha dor me faz um ser de Merda, e descobri que da merda, se tira tudo, eu era o adubo de mim mesma, e agora tudo de mim podia brotar. Como bosta fui capaz de ser afetada por tudo, tudo me fazia mais bosta do que a bosta que eu era anteriormente... Era tudo tão engraçado. Eu me amava ridícula!

Ria ria, balançando a cabeça, olhando a privada e o espelho, a privada e o espelho. Privada do mundo mais nunca de mim.

Tudo no mundo parecia querer cagar na minha cabeça.... huahugahuahuauhas

Mas, Não sou doente, não sou , não sou.... (tosse) (tosse) – respira fundo gargalha, com as mãos que seguram o peso do corpo sobre a pia... deixando o peso do corpo sobre essas mãos, a olhar-se mais de perto no espelho.

AAAAAAAAAAAAAAAAAH CARALHO! Chora de dor, chora forte chora fundo enquanto sentava-se no chão, em frente a porta do banheiro ainda aberta, de frente a privada, tira a boa direita, aperta o pé machucado, latejando, com unhas esmagadas, com a unha do dedão quase caindo...

Sim! A Pia caiu em cima do meu pé!

Lógico – Lógico.

Simples: Dada a possibilidade de uma pia cair no pé de uma Mulher, obviamente seria no meu. Haveria alguém em situação mais deprimente?

E Deus??? Esse Sádico, por quem nutro tamanho tesão reprimido – ele deixaria que essa cena termina-se sem um final do tipo mais patético??

NÃOOOOOOOOOOOOO – DEUS RI DA MINHA CARA

Um homem que observava atento meu surto degradante imbecilóide, foi acudir-me, mas não sabia se me acudia, ou me batia, por ter quebrado a pia, na duvida o homem, sujo, desalmado, e insensível, como os HOMENS são. Ele me traiu.

_ E boneca! Como você esta? Meu Deus isso esta horrível!!! Precisa ver isso! Esta doendo?

_ O Sr. me desculpa? (eu me sentia patética e infantil)

Vendo a dor que eu sentia, pegou-me no colo, levando-me a parte de cima do bar onde morava.

Fiquei tensa, mas eu estava com dor e sozinha, nada poderia me acolher, pelo menos existia aquele cara.

Ele “cuidou” de mim.

Não seria justo dizer que fui estuprada por que eu não resisti, mas também não permiti, apenas, deixei que meu corpo morresse, sujeitando-se as porcarias cruéis, daquele homem nojento, enquanto eu me sentia como se tivesse perdido um dos pé de tanta dor – o que provavelmente foi bastante positivo, pois tamanha era a dor, que eu mal sentia seu toque, quem dirá sua Bagaça.

Nojo.

Ao final da fornicação doente do bruto, este perguntou meu nome.

...........................................................................................................

...........................................................................................................

...........................................................................................................

GELO – FRIO – MEDO

Eu não sabia meu nome, eu não tinha ninguém e nada, alem desse infeliz nojento.

Eu queria me bater, me matar, me rasgar, eu me odiava, então GARGALHEI, E FUMEI UM CIGARRO. Devo ter gargalhado por uns 5 min, mas para mim GARGALHEI A ETERNIDADE DO TEMPO, COM AGONIA DE QUEM NÃO SABE O QUE É RISO E CHORO, SEM MOTIVO OU CAUSA- GARGALHEI

_ Meu nome: A.T.R.I.Z. S.E.M. N.O.M.E.



_ A moça é Atriz?

_ Não sei, mas é a única coisa que eu poderia ser.

_Tá tirando com a minha cara?

Como vêem meu nascimento não é um Épico muito honroso, mas é meu Épico.

Manquei durante meses – o que me fazia mais grotesca.

Bom,

Sou um produto inútil da sociedade, a Estrangeira – lixo, o cenário da vida dos que passam produzindo, os poucos que me vêem enxergam uma Máquina paranóica, e o sou, não sou livre, inda me resgatava uma lembrança, um algo que eu não saberia perder, e não era necessidade de bicho, era lembrança de gente – de saudade, de amor.

E mancando eu vagava torpe, entre a fluidez da estrangeirice e o corte radical do sistema que usurpa, por isso sensível ao mundo..

Cheguei a um nada

A um cinza melancólico

A um delírio paranóico

E Feito escrava de mim

Usei-me, como quem usa um marionete

Para desvendar centímetros de vida

Que me fariam mais alguém do que fui antes

Esquizofrênica, em arte e graça tal qual perversas as crianças

Despi-me no nada do pouco que restava

E fugi ao ser mulher que no corpo gritava

E fugi ao ser humana que necessitava

E percebi os ciclos de opressão e morte

Fui homem, velha, e filha

Fui fumaça, fui fantasma

Dentro de mim

Uma orgia de Eus cintilava

E eu só queria ser Boa comigo mesma

Para minha surpresa: Foi tudo para agradar a mim mesma

E hoje portando-me, ainda não me sou de todo amada

Por que resta em mim o ódio perpétuo

A não ostentação do ponto de liberdade

Existe um lugar que me faz menos minha

O lugar que me faz tua e não te faz meu – a lembrança, minha não liberdade

O lugar onde digno de si e louvado por hipocrisia

Você (O HOMEM) se senta ao lado daqueles cujo apoio e amor me são tão caros

E aponta seu dedo imundo e mentiroso em minha face e diz-me PORCA?

Pois, querido soldado da repressão emocional imposta.

Venho vos dizer por meio desta coisa.

Que sou uma IMENSURÁVEL PORCA.

Dizer-te que não sou bonita, nem limpa, nem certa, ao seu gosto mascarado por valores que nem seus são.

Perante o que você acharia correto, e diante do que você acredita, sou digna vitima de fuzilamento.

Fascista.

Minha carta de hoje é uma liberdade necessária, é simplesmente dizer que por mais que tudo meu tenha sido penetrado por você, minha liberdade não te pertencerá.

Minha liberdade é da Ordem dos Porcos

..... (continua, por que inda creio que sou eterna)




                                                                             A.T.R.I.Z. S.E.M. N.O.M.E.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

As Mulheres no Mundo:

Somos seres sensíveis no mundo...




Ouço por todos os cantos da minha vida:

Mulheres complexas,mulheres ricas em alma, mulheres que tentam a todo custo serem livres dos dogmas e paredes que tanto agradam a certos tipos de homem, me vejo por horas triste, por não saber o que me espera, por não saber o que a vida trará de bom para as minhas.

Algumas, com seus machos, tão importantes e tão queridos, mas por baixo tão malvados, propondo que as luzes férteis de suas almas, limitem-se a um cercadinho restrito, onde o único expectador, do show de mulher que elas são restrinja-se a seus apelos viris – Goza para mim!

Essas mulheres lindas, tem alma indócil, e o cercadinho as torna cinza e vazias de si, mas ao mesmo o cercadinho por pior que seja, nutre seus delicados sonhos de terem braços para deitar ao sono, fomos criadas todas, de todas as idades, para amar o homem mais que nós mesmas, para servi-lo, para ser mãe, perdendo o verdadeiro sentido da maternidade.

Aconchegar em seio, aconselhar e amar incondicionalmente é totalmente contrário, a viver para Ele, deixando de lado nossa sexualidade e liberdade, cumprindo seus caprichos mimados, tornamo-nos inseguras e neuróticas, ansiosas e tristes, por que em nós nada é visto ou amado pelo que verdadeiramente somos, e homem nenhum escuta nossos apelos.

Nossas mães tornaram-se neuróticas e possessivas com as filhas na esperança de que estas tenham um futuro melhor do que o delas, outras tornam-se cinzas por não encontrarem amor que verdadeiramente as acolha, outras tornam-se criticas e cruéis, outras simplesmente afundam-se atrás de um fogão e mimam e lambem suas crias – entidade mãe, não mulher.

E antes que pisquemos os olhos, ou como quem acorda de um sonho – estaremos iguais a elas, por que nada nos liberta ou aceita, quero verdadeiramente acreditar, que a amizade verdadeira entre mulheres (coisa tão rara) Nos de chão para dependermos menos, e nos de asas para voar com confiança, por que nessa vida e nesse mundo - O Show das mulheres precisa acontecer, e antes que a vida me mate, eu gostaria de ver menos tristeza nesses olhinhos, menos marcas do desamor dos homens.

Mas, quando vejo, minha luta parece tão inútil, enquanto busco libertar-me me enrosco nas trilhas deles, como uma cadela no cio e carente de carinho, poderia eu passar mais tempo sem aquelas carícias? É preciso lutar contra, mas jamais contra a paixão, mas lutar contra sim, esse desespero agudo de ser aceita e amada, toda mulher tem uma princesa, por vezes não forte, por vezes tão sozinha e carente.

Algumas tão descrentes de seus poderes que entregam-se a caricias de homens toscos e brutos, machistas e cruéis, preocupados com seu prazerzinho sujo e distantes do nosso gozo, não sei por quanto tempo, e nem sei o tamanho máximo ou mínimo do apelo das minhas letras, mas do fundo da minha alma, eu queria que esse tipo de dor acabasse, por que esse tipo de dor já acabou comigo, com mães, amigas, irmãs, e avós, e o mundo só precisava ver que somos lindas como somos.

Precisamos ser amadas, respeitadas como somos, gozando, dançando e criando, Eles gostando ou não – Nós somos as Mãe do mundo, enquanto o mundo nos impõe suas regras, nós tristes somos as mãe tristes do mundo, sem que nos reconheçam.

Olho nos olhos delas, e no fundo desses olhos, um desejo quente: Por favor me deixa ser a mulher que eu sou em paz? Por favor ame a mulher que sou em paz?

Viemos de mulheres que nutriram os “grandes” homens da história, e ninguém, e nenhum livro de história conhece nossos nomes, nosso “trabalho”deixado como enredo de segundo plano, jogado no meio do cú dos anais da história. Que bosta!

E ainda hoje temos que ouvir que os homens são mais inteligentes, por que vejam os grandes nomes da história, quase nenhum é de mulher, e os que são muitas vezes como Joana D’Arc, fomos queimadas... Mas, não, jamais, por sermos menos inteligentes, na verdade imbecil é o ser grosseiro e insensível que ter coragem de proferir essas atrocidades – Xuxu, não nos deram chance, nem de aprender, nem de ser, e essa história esta gravada em mim, e em nós mulheres contemporâneas, aparentemente privilegiadas, mas tão agredidas no fundo.

Será que não existe homem bom? Homem que não oprima, homem que atente a minha sensibilidade e criatividade?

Espero que sim, e espero que ele esteja tão próximo como a força do meu desejo indicaria, e espero que as mulheres que eu vi hoje tristonhas possam encontrar o conforto de ter um companheiro que as ajude a brilhar por elas mesmas, e que enquanto isso não acontece que tenhamos força de viver e arriscar, arriscar a amar.

Conheço mulheres que são fortes mas, que são cinza, e conheço meninas doces, e temo que percam seu mel, temo muito, estou tentando a todo custo manter o meu, mas a vida intensa que é, me bate, que até duvido quando recebo presentes dessa – um homem bom.

Dizia a sábia Janis Joplin: “Tudo que uma mulher precisa é de um bom homem”, não que ela precise de um homem, grandes mulheres hoje encontram amor, e sexo, e verdade nos braços de outras mulheres, mas fato é: Toda mulher precisa Amar e ser Amada, inteira e de verdade, para que gozemos na cama, para que nossa arte e trabalho tem voz e força, e para viver sem morrer tanto.

Minhas flores estão murchinhas, e talvez o dia de Sol, e os presentes novos da vida, me façam ter uma luz de esperança, Elas sofrem, e muitas já dizem Não.

Não não vou me deixar, para ser o que ele quer.

Não não vou aceitar as grosserias dele.

Não não quero um homem me reprimindo.

Não não vou me render desse jeito.

O Amor não é verdadeiro quando pede para ser pela metade, quando pede para ser e é impedido, nós amamos livres e dançantes, e nossa sabedoria vai mais fundo na terra e mais alto do céu, até por nossa força em sofrer calada – essa é a mesma força do grito.

Quero me encontrar a cada dia, e quero que Elas se encontrem, não quero mais não vê-las dançar, ou vê-las amargas com discursos cinzas, ouvi de mulheres lindas tanta coisa triste hoje: “Me entreguei a ele e só recebo grosserias”, “Ele não me deixa ser livre”, “Nenhum cara legal se interessa por mim, isso existe?”, “Até hoje minha bunda teve mais namorados do que Eu”, “ Ele nunca escuta o que eu falo”, “Ele acabou comigo”.

PARA! Esse sofrimento me persegue pelas minhas flores, mesmo quando não estou semeada desse mal, de forma indireta o mundo teima em me dizer – Estão fazendo muito mal as mulheres... desse jeito vamos acabar iguais a nossas mães, em muito É uma honra, mas quanto sofrimento reviveremos? Até quando?

Existe uma forma de nos livrarmos desse rastro, dessas correntes, sábia é minha amiga que diz: Sou pessoa antes de ser mulher.

Lógico, somos sim, mas o mundo, e a maior parte de nós fomos criadas com uma separação de sexo tão explícita, que às vezes me sinto uma Vagina exposta e constrangida que anda pelas ruas, pensando se melhor ser penetrada ou não, em que condições é melhor um pênis grande ou pequeno, ou será melhor acabar-me entre as pernas de outra moça?

Dúvidas que nos assombram, por que fomos criadas para sermos Mulheres antes de sermos pessoas, mas fico feliz por ver que Algumas de nós se livraram de tal mal, ao menos superficialmente, ou a ponto de não serem tão sofridas nesse ponto.

A divisão de trabalho tribal talvez nos explique alguma coisa, hoje não é assim... será? Acho que tudo isso esta sempre no nosso subtexto.

Homem era aquele que caçava – o Portador do arco.

Mulher era aquela que coletava – A carregadora do cesto.

Ah e se um tocar no cesto ou no arco do outro, é dito que dá azar, e todos em tese deveriam trabalhar, ajudar na produção.

O que fazia a mulher - Mulher era o cumprimento da sua função, o que fazia o homem - Homem era o cumprimento de sua função.

E hoje por mais avançada nossa sociedade, existe um julgamento moral que parece eterno que nos prende a antigos paradigmas, só sou mulher se sou mãe, só sou mulher se cuido do meu homem, no fundo de nós ainda existe esse resíduo tóxico, que traz a doença a nosso mundo – Eu não sou o que deveria ser.

Tomo emprestada a frase de uma queridíssima amiga (Fernanda Fratte) “Não vou ser uma dona de casa correta e bem educada!”

A afirmação esta dada, mas e o sofrimento, de ver que o mundo não te acolhe e nem apóia tua decisão? Mulheres com escolhas destas sofrem horrores, tornam-se estrangeiras em própria terra. Estou vendo uma sorte: O número de estrangeiras tem aumentado, existe uma força crescente de mulheres que dizem Não!

Uma vez outra mulher fantástica, irmã e amiga me contou seu sonho (Mariana Farinas) “Queria que na mesma hora todas as mulheres do mundo dissessem NÃO!”

Aos pouquinhos, pouquinhos estamos conseguindo caminhar devagar quase parando, mas caminhar, por que Estrangeira apóia estrangeira, e eu não quero mais ouvir meninas de todas as idades chorando.

“Os temas das antigas mulheres eram sempre melancólicos” (Juliana Torres).

Eu diria: Minha amiga que sentido faz o que você diz, já dizia Freud (tão inteligente e inovador quanto ignorante sobre o prazer da mulher): A Melancolia nasce de um luto que distancia a pessoa de seu Ideal de Eu, ideal esta composto estruturalmente pela Mãe, Pai, e todos os aspectos morais, isto é “Eu não consigo ser o que o mundo quer que eu seja, e eu quero ser aceita, eu quero pertencer”.

Me lembro tanto de minha amada Janis, e peço licença a Artaud, Janis Joplin – a suicidada pela Lei dos Homens, pobre Janis.

Não agüentou a crueldade do mundo, e o mundo ainda é dos homens, uma figura como ela certamente não sobreviveria, a não aceitação de si mesma, por ter um ideal tão distante do que ela era, e ela era Linda, mas socialmente tão inaceitável.

A Mulher amoral é uma sofredora nata, por que é difícil nesse mundo ter espaço quando você é considerada Nojenta, mas como disse, a Mulherada aos pouquinhos vai se rebelando, vai querendo espaço, precisando de espaço para ser mais Amoral e logo mais Natural.

Gostaria de fechar esse texto com a seguinte frase: Que as flores não murchem...



Aquela Mulher