Bem Vindo às Minhas Insanidades!!!

Estou consciente de algo em mim: Dê-me papel e caneta, e terei a honra de lhe reapresentar o mundo, através de minhas lentes, com um pensamento feminino ativo que vê o mito e a magia como algo certo e empírico, e que de vez em quando chupa as bolas do Deus Ciência.

Dentro de uma só Mulher, moram várias mulheres. Essas mulheres dialogam entre si, em busca de sua unidade e sobrevivência.

Quero falar sobre Essas mulheres (e não só as minhas personas) mas, as outras mulheres no mundo, enfrentando, ou se sujeitando a Lei Deles.

Quero falar de como podemos tornar o mundo um pouco mais Delas...

Quero contar e cantar a Arte D'Aquelas Mulheres: Bruxas, Magas, Feiticeiras, Fadas, Cortesãs, Esposas, Mendigas, Drogadas, Artistas, Bailarinas, Filhas, Mães e Avós...

Nesse mundo Eva é aceita porém subjugada, e Lilith... rsrsrs

Eles tentam calar, amordaçam nossas Liliths, é hora de lutar por nosso direito ao prazer e a magia de ser Mulher.

Eu sou uma Guerreira de Lilith!!! E nós Somos Muitas!!!

Aquela Mulher

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

As Mulheres no Mundo:

Somos seres sensíveis no mundo...




Ouço por todos os cantos da minha vida:

Mulheres complexas,mulheres ricas em alma, mulheres que tentam a todo custo serem livres dos dogmas e paredes que tanto agradam a certos tipos de homem, me vejo por horas triste, por não saber o que me espera, por não saber o que a vida trará de bom para as minhas.

Algumas, com seus machos, tão importantes e tão queridos, mas por baixo tão malvados, propondo que as luzes férteis de suas almas, limitem-se a um cercadinho restrito, onde o único expectador, do show de mulher que elas são restrinja-se a seus apelos viris – Goza para mim!

Essas mulheres lindas, tem alma indócil, e o cercadinho as torna cinza e vazias de si, mas ao mesmo o cercadinho por pior que seja, nutre seus delicados sonhos de terem braços para deitar ao sono, fomos criadas todas, de todas as idades, para amar o homem mais que nós mesmas, para servi-lo, para ser mãe, perdendo o verdadeiro sentido da maternidade.

Aconchegar em seio, aconselhar e amar incondicionalmente é totalmente contrário, a viver para Ele, deixando de lado nossa sexualidade e liberdade, cumprindo seus caprichos mimados, tornamo-nos inseguras e neuróticas, ansiosas e tristes, por que em nós nada é visto ou amado pelo que verdadeiramente somos, e homem nenhum escuta nossos apelos.

Nossas mães tornaram-se neuróticas e possessivas com as filhas na esperança de que estas tenham um futuro melhor do que o delas, outras tornam-se cinzas por não encontrarem amor que verdadeiramente as acolha, outras tornam-se criticas e cruéis, outras simplesmente afundam-se atrás de um fogão e mimam e lambem suas crias – entidade mãe, não mulher.

E antes que pisquemos os olhos, ou como quem acorda de um sonho – estaremos iguais a elas, por que nada nos liberta ou aceita, quero verdadeiramente acreditar, que a amizade verdadeira entre mulheres (coisa tão rara) Nos de chão para dependermos menos, e nos de asas para voar com confiança, por que nessa vida e nesse mundo - O Show das mulheres precisa acontecer, e antes que a vida me mate, eu gostaria de ver menos tristeza nesses olhinhos, menos marcas do desamor dos homens.

Mas, quando vejo, minha luta parece tão inútil, enquanto busco libertar-me me enrosco nas trilhas deles, como uma cadela no cio e carente de carinho, poderia eu passar mais tempo sem aquelas carícias? É preciso lutar contra, mas jamais contra a paixão, mas lutar contra sim, esse desespero agudo de ser aceita e amada, toda mulher tem uma princesa, por vezes não forte, por vezes tão sozinha e carente.

Algumas tão descrentes de seus poderes que entregam-se a caricias de homens toscos e brutos, machistas e cruéis, preocupados com seu prazerzinho sujo e distantes do nosso gozo, não sei por quanto tempo, e nem sei o tamanho máximo ou mínimo do apelo das minhas letras, mas do fundo da minha alma, eu queria que esse tipo de dor acabasse, por que esse tipo de dor já acabou comigo, com mães, amigas, irmãs, e avós, e o mundo só precisava ver que somos lindas como somos.

Precisamos ser amadas, respeitadas como somos, gozando, dançando e criando, Eles gostando ou não – Nós somos as Mãe do mundo, enquanto o mundo nos impõe suas regras, nós tristes somos as mãe tristes do mundo, sem que nos reconheçam.

Olho nos olhos delas, e no fundo desses olhos, um desejo quente: Por favor me deixa ser a mulher que eu sou em paz? Por favor ame a mulher que sou em paz?

Viemos de mulheres que nutriram os “grandes” homens da história, e ninguém, e nenhum livro de história conhece nossos nomes, nosso “trabalho”deixado como enredo de segundo plano, jogado no meio do cú dos anais da história. Que bosta!

E ainda hoje temos que ouvir que os homens são mais inteligentes, por que vejam os grandes nomes da história, quase nenhum é de mulher, e os que são muitas vezes como Joana D’Arc, fomos queimadas... Mas, não, jamais, por sermos menos inteligentes, na verdade imbecil é o ser grosseiro e insensível que ter coragem de proferir essas atrocidades – Xuxu, não nos deram chance, nem de aprender, nem de ser, e essa história esta gravada em mim, e em nós mulheres contemporâneas, aparentemente privilegiadas, mas tão agredidas no fundo.

Será que não existe homem bom? Homem que não oprima, homem que atente a minha sensibilidade e criatividade?

Espero que sim, e espero que ele esteja tão próximo como a força do meu desejo indicaria, e espero que as mulheres que eu vi hoje tristonhas possam encontrar o conforto de ter um companheiro que as ajude a brilhar por elas mesmas, e que enquanto isso não acontece que tenhamos força de viver e arriscar, arriscar a amar.

Conheço mulheres que são fortes mas, que são cinza, e conheço meninas doces, e temo que percam seu mel, temo muito, estou tentando a todo custo manter o meu, mas a vida intensa que é, me bate, que até duvido quando recebo presentes dessa – um homem bom.

Dizia a sábia Janis Joplin: “Tudo que uma mulher precisa é de um bom homem”, não que ela precise de um homem, grandes mulheres hoje encontram amor, e sexo, e verdade nos braços de outras mulheres, mas fato é: Toda mulher precisa Amar e ser Amada, inteira e de verdade, para que gozemos na cama, para que nossa arte e trabalho tem voz e força, e para viver sem morrer tanto.

Minhas flores estão murchinhas, e talvez o dia de Sol, e os presentes novos da vida, me façam ter uma luz de esperança, Elas sofrem, e muitas já dizem Não.

Não não vou me deixar, para ser o que ele quer.

Não não vou aceitar as grosserias dele.

Não não quero um homem me reprimindo.

Não não vou me render desse jeito.

O Amor não é verdadeiro quando pede para ser pela metade, quando pede para ser e é impedido, nós amamos livres e dançantes, e nossa sabedoria vai mais fundo na terra e mais alto do céu, até por nossa força em sofrer calada – essa é a mesma força do grito.

Quero me encontrar a cada dia, e quero que Elas se encontrem, não quero mais não vê-las dançar, ou vê-las amargas com discursos cinzas, ouvi de mulheres lindas tanta coisa triste hoje: “Me entreguei a ele e só recebo grosserias”, “Ele não me deixa ser livre”, “Nenhum cara legal se interessa por mim, isso existe?”, “Até hoje minha bunda teve mais namorados do que Eu”, “ Ele nunca escuta o que eu falo”, “Ele acabou comigo”.

PARA! Esse sofrimento me persegue pelas minhas flores, mesmo quando não estou semeada desse mal, de forma indireta o mundo teima em me dizer – Estão fazendo muito mal as mulheres... desse jeito vamos acabar iguais a nossas mães, em muito É uma honra, mas quanto sofrimento reviveremos? Até quando?

Existe uma forma de nos livrarmos desse rastro, dessas correntes, sábia é minha amiga que diz: Sou pessoa antes de ser mulher.

Lógico, somos sim, mas o mundo, e a maior parte de nós fomos criadas com uma separação de sexo tão explícita, que às vezes me sinto uma Vagina exposta e constrangida que anda pelas ruas, pensando se melhor ser penetrada ou não, em que condições é melhor um pênis grande ou pequeno, ou será melhor acabar-me entre as pernas de outra moça?

Dúvidas que nos assombram, por que fomos criadas para sermos Mulheres antes de sermos pessoas, mas fico feliz por ver que Algumas de nós se livraram de tal mal, ao menos superficialmente, ou a ponto de não serem tão sofridas nesse ponto.

A divisão de trabalho tribal talvez nos explique alguma coisa, hoje não é assim... será? Acho que tudo isso esta sempre no nosso subtexto.

Homem era aquele que caçava – o Portador do arco.

Mulher era aquela que coletava – A carregadora do cesto.

Ah e se um tocar no cesto ou no arco do outro, é dito que dá azar, e todos em tese deveriam trabalhar, ajudar na produção.

O que fazia a mulher - Mulher era o cumprimento da sua função, o que fazia o homem - Homem era o cumprimento de sua função.

E hoje por mais avançada nossa sociedade, existe um julgamento moral que parece eterno que nos prende a antigos paradigmas, só sou mulher se sou mãe, só sou mulher se cuido do meu homem, no fundo de nós ainda existe esse resíduo tóxico, que traz a doença a nosso mundo – Eu não sou o que deveria ser.

Tomo emprestada a frase de uma queridíssima amiga (Fernanda Fratte) “Não vou ser uma dona de casa correta e bem educada!”

A afirmação esta dada, mas e o sofrimento, de ver que o mundo não te acolhe e nem apóia tua decisão? Mulheres com escolhas destas sofrem horrores, tornam-se estrangeiras em própria terra. Estou vendo uma sorte: O número de estrangeiras tem aumentado, existe uma força crescente de mulheres que dizem Não!

Uma vez outra mulher fantástica, irmã e amiga me contou seu sonho (Mariana Farinas) “Queria que na mesma hora todas as mulheres do mundo dissessem NÃO!”

Aos pouquinhos, pouquinhos estamos conseguindo caminhar devagar quase parando, mas caminhar, por que Estrangeira apóia estrangeira, e eu não quero mais ouvir meninas de todas as idades chorando.

“Os temas das antigas mulheres eram sempre melancólicos” (Juliana Torres).

Eu diria: Minha amiga que sentido faz o que você diz, já dizia Freud (tão inteligente e inovador quanto ignorante sobre o prazer da mulher): A Melancolia nasce de um luto que distancia a pessoa de seu Ideal de Eu, ideal esta composto estruturalmente pela Mãe, Pai, e todos os aspectos morais, isto é “Eu não consigo ser o que o mundo quer que eu seja, e eu quero ser aceita, eu quero pertencer”.

Me lembro tanto de minha amada Janis, e peço licença a Artaud, Janis Joplin – a suicidada pela Lei dos Homens, pobre Janis.

Não agüentou a crueldade do mundo, e o mundo ainda é dos homens, uma figura como ela certamente não sobreviveria, a não aceitação de si mesma, por ter um ideal tão distante do que ela era, e ela era Linda, mas socialmente tão inaceitável.

A Mulher amoral é uma sofredora nata, por que é difícil nesse mundo ter espaço quando você é considerada Nojenta, mas como disse, a Mulherada aos pouquinhos vai se rebelando, vai querendo espaço, precisando de espaço para ser mais Amoral e logo mais Natural.

Gostaria de fechar esse texto com a seguinte frase: Que as flores não murchem...



Aquela Mulher

Um comentário:

  1. Há mulheres que são pessoas antes de serem mulheres...e isso, lhe digo por experiência própia, é o cúmulo do estrangeirismo, com tudo de bom mas principalmente com tudo de ruim que esta posição implica. Neste lugar uma mulher raramente, mas muito raramente pode sentir-se desejada, por mais que a olhem e a chamem. Porque esta mulher sabe de forma crua e clara que de fato estes homens não a desejam, nem nunca vão desejar.

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