Bem Vindo às Minhas Insanidades!!!

Estou consciente de algo em mim: Dê-me papel e caneta, e terei a honra de lhe reapresentar o mundo, através de minhas lentes, com um pensamento feminino ativo que vê o mito e a magia como algo certo e empírico, e que de vez em quando chupa as bolas do Deus Ciência.

Dentro de uma só Mulher, moram várias mulheres. Essas mulheres dialogam entre si, em busca de sua unidade e sobrevivência.

Quero falar sobre Essas mulheres (e não só as minhas personas) mas, as outras mulheres no mundo, enfrentando, ou se sujeitando a Lei Deles.

Quero falar de como podemos tornar o mundo um pouco mais Delas...

Quero contar e cantar a Arte D'Aquelas Mulheres: Bruxas, Magas, Feiticeiras, Fadas, Cortesãs, Esposas, Mendigas, Drogadas, Artistas, Bailarinas, Filhas, Mães e Avós...

Nesse mundo Eva é aceita porém subjugada, e Lilith... rsrsrs

Eles tentam calar, amordaçam nossas Liliths, é hora de lutar por nosso direito ao prazer e a magia de ser Mulher.

Eu sou uma Guerreira de Lilith!!! E nós Somos Muitas!!!

Aquela Mulher

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

COM TEMPO OU SEM TEMPO?




Essa  é a história de uma mulher que de tão burra virou gênio
Que de tão muda transbordou
Que do nada pode cantar a história
De onde começa e do que acabou
Palhaço, doida ou heroína
Reinado mártir da felina
Caça palavras ideal
Linguagem falha
Síntese?
História sem igual
De bem e mal
Sem bem e mal

Trabalhadora vagal..... (ops Que horas são?)*pensa*

Preciso correr, precisamos correr, é tarde!

Anda tropeçante e derrubando a bolsa, ainda sonolenta, observa as árvores desando o céu, e saúda Deus por existir, com seu penoso ar de agradecimento,( que culpa tinha se lhe parecia difícil ter que considerar-se culpada pelo pecado de não saber agradecer a vida).

Nessa hora era ela pecadora, e ela mal havia acordado, quase ao chegar a seu Destino, descobre-se adiantada! Sorri alegre!
Estar adiantada era tudo de bom no universo, como se Cronos como um bom avó lhe agraciasse com doces. Ia fumar cigarro, apreciava o fumo desde menina.


Adiantada mulher

Ei? Aonde me jogaram?
Eu não conheço suas regras, e descobri que desde que nasci não sou vossa convidada de honra, sou em vós e por vós, e tudo que sou sou por essência.
Que tipo de idiota, vulgarizaria as funções de vida de modo tão diferente de ser aquilo que se é.
O que digo é que: DEUS, EXISTIR JÁ ME DÁ MUITO TRABALHO.
Pecado gigante foi o teu ao inventar a preguiça...
Bocejante olha o céu a espera de respostas.
Por que me calaram? Tiraram de mim o direito de impor-me, obrigaram-me a vestir o uniforme dos falsos, e preocupam-se todos os dias em condicionar-me, em domesticar-me pelo puro prazer de transformar meu poder em trabalho, e vender-me prostituta, ás misérias ínfimas desse sistema.
Eu realmente tenho alguma coisa haver com isso?
Tenho culpa se nasci num mundo que hoje cresce a engolir-se? Poderia parecer prepotente, mas deveríamos, e temos questões maiores, questões de prazer real, e talvez possibilidade de... um SENTIDO.
Enquanto perco-me em pequenas futilidades e burocracias de um sistema falido, aprendendo a detestar o conhecimento que amo, por raiva de ser obrigada a ser, de ser obrigada a fazer de um jeito que simplesmente tolhe o que sou.


Chega Ela, e diz:
O cigarro esta acabando, aonde vamos chegar com isso? Caso não tenha percebido ainda estou atrasada. Sempre estou atrasada, e nunca permito o ócio, o que não se faz é o que se pune, aqui valem as leis de nossos interesses, e vamos manter nossas armaduras brilhando, nossas mascaras na cara, e dançar com eles, frias e fatais, a sua dança de dominação: olhos no olhos, enfrentando demônio dançante com as limitações por ele impostas para que eu entrasse em seu jogo.
Nós dançamos a milênios, ninguém vence e ambos sempre morrem, e eu sempre estou dançando, eu não paro, e não há possibilidade de atrasar-se para próxima dança? Não não existe essa possibilidade.

Assustada, como quem viu assombração, responde  tensa:
Estou adiantada. É meu único direito aproveitar cada momento, as coisas aqui não são eternas, e são pequenas, delicadas, sistemas simples e fáceis de quebrar, aqui o não vulgar é mais mágico que no céu – felicidade.
Talvez tão bela por ser aqui tão rara.
Estou realmente adiantada, vou fumar outro cigarro, gostaria de consumir meus minutos de vida em paz se me dar licença, eu não estou atrasada, nem interessada em dançar mascarada pela eternidade, estou realmente preocupada em como posso me divertir nesse lugar!

Ela começa a ficar brava, e ríspida responde pegando forte a mão da outra.
Escuta aqui nós não temos escolhas, apaga o cigarro nós vamos dançar que estamos atrasadas, agora quero estar pronta para deliciosamente vender cada pedacinho da minha alma para uma instituição sem sentido. Levanta a cabeça fria, e olha fundo nos olhos da outra.
Silencio.
Ela gargalha.
Coloque em mim filha pura do caos original a tua discórdia, que te acalento em meu seio, sinta cheiro de vodka, deposite em meu ventre a raiva cega de ver o que me tornei e és, a raiva de estar aqui pequena, animal... adiantada? Teu tempo é tarde demais, nunca da conta de si mesma, e isso é sofrimento. Me pinte de exu, e sim eu sigo leis. Ela toma da outra o cigarro o termina em um único trago, solta fumaça... desaparece.

A outra assustada olha no relógio: já estava 5 minutos atrasada para seu destino.


 Depois de repetir esse padrão de comportamento milhares de vezes, pensei em procurar alguém que me concertasse ou o relógio, ou o destino.
Consertar a mim – eu relógio ou eu destino?
Quem vem primeiro o ovo ou a galinha.
Bem vindo ao meu maldito paradoxo, a insanidade de minha angustia, ansiedade, finitude.
O tempo impõe doenças...




Mayra Beleza Portela