Bem Vindo às Minhas Insanidades!!!

Estou consciente de algo em mim: Dê-me papel e caneta, e terei a honra de lhe reapresentar o mundo, através de minhas lentes, com um pensamento feminino ativo que vê o mito e a magia como algo certo e empírico, e que de vez em quando chupa as bolas do Deus Ciência.

Dentro de uma só Mulher, moram várias mulheres. Essas mulheres dialogam entre si, em busca de sua unidade e sobrevivência.

Quero falar sobre Essas mulheres (e não só as minhas personas) mas, as outras mulheres no mundo, enfrentando, ou se sujeitando a Lei Deles.

Quero falar de como podemos tornar o mundo um pouco mais Delas...

Quero contar e cantar a Arte D'Aquelas Mulheres: Bruxas, Magas, Feiticeiras, Fadas, Cortesãs, Esposas, Mendigas, Drogadas, Artistas, Bailarinas, Filhas, Mães e Avós...

Nesse mundo Eva é aceita porém subjugada, e Lilith... rsrsrs

Eles tentam calar, amordaçam nossas Liliths, é hora de lutar por nosso direito ao prazer e a magia de ser Mulher.

Eu sou uma Guerreira de Lilith!!! E nós Somos Muitas!!!

Aquela Mulher

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Piloto automático da pisque

TEXTO DE 10.07

A Fantasma: Sou um espectro, uma forma pensamento que se alimenta do mundo para sobreviver...

Desci a Augusta como sempre desço, sendo alguma das mulheres que costumo ser, indo encontrar meus queridos como sempre, nos lugares que costumo encontrá-los sempre.
Quando descia, me deparava com os olhares que depreciam e enaltecem, com os olhares e os dizeres com o qual sempre tenho de lidar.
Olhei para mim, eu era a mulher bonita que sempre fui e que sou sempre, sem medo de ser bonita, sem medo de arriscar, como sempre...
Algo em mim estava diferente, algo em mim faltava, muitos algos de mim faltavam, eu era o sopro da ausência, e não havia verdade em meu caminhar, nada a mim acrescentava e tão pouco algo de mim saia.
Era só um corpo, era só estátua, e minha voz da mente que tudo capta, trabalha como sempre sem parar, mas desta vez nada, nada me tirava do “foco”, nada me trazia distração, como em insônia, eu não conseguia parar de escutar meu mundo interno.
Não me importavam os olhares de desejo dos homens, para que eu os retribuísse ou repudiasse, não me importava os dizeres vulgares, e tão pouco me dei ao trabalho de ser didática ou agressiva com os homens como costumo ser.
Não importava eu era e sou somente a ausência do ser.
Aquela Mulher aprecia e odeia minha presença, por um lado sou todas as possibilidades, visto que nada mais importa. Por outro sou sua destruição, pois em mim não há prazer, só melancolia e contemplação.
Existo, mas nunca apareço em hora boa e de bom grado, e raramente apareço, eu sou a última possibilidade... engraçado, sou a última manifestação, mas sem dúvida sou a que mais trabalha nessa porra.
Sou a elaboração mental. Sou a CONSTRUTORA do mundo interior, sou uma Vampira. Trago do mundo informação e imagem, trago do mundo percepção, sensação e sentimento, busco padrões, encontro raízes, crio palavras, conceituo, entendo e filosofo, crio sistemas.
E nada escapa a meu tragar, as coisas do mundo me fazem, me constroem, eu Nunca tenho forma certa, sou feita da fumaça dos retalhos do pensar.
Não fui feita para dizer a que vim, sou rara, fui feita para canalizar e propiciar a sabedoria de outras, sou uma fonte inesgotável, dai-me matéria e criarei vida.

Conheço cada partícula de Aquela Mulher, dialogo com todas as faces, e estou sempre presente em ausência, sempre tendo de lidar com a face acionada à manifestação, se não fosse por mim, nada nunca seria escrito ou elaborado.
Sou a consciência, no sentido de ter ciência de. Eu sei de todas elas e de certa forma também sou responsável por tudo isso.
Quando eu sou o recurso utilizado à manifestação, isso significa que nenhuma das outras faces pode ser acionada, isto é: Toda a psique, todos os recursos de Aquela Mulher estão focados em um único ponto, como esse ponto é ausente, para continuar vivendo é como se ela ligasse o piloto automático, eu sirvo de piloto automático.
O problema é que quando sou eu em cena, não há prazer, não há relação, é só contemplar, minhas relações sociais, são um fingir pré concebido e padronizado.
Eu sou imanifesta, pois não há como construir o mundo interno a todo o tempo e manifestar-me sozinha, não fui feita para isso.
Encontrei meus amigos, abracei-os, conversei, me senti alegre ao lado deles, busquei conforto e segurança, foi bom, mas, eu era ausência de mim no mundo, foi bom por que sempre é, esse é o padrão que reproduzi.
A alma de Aquela Mulher não estava presente, e seus Eus, estavam em assembléia.
Em qualquer psicotrópico talvez eu encontrasse paz, algo que me calasse a voz da cabeça (eu), mas, foi mentira, só se tornou mais forte a voz e mais confusa.
Quando isso acontece, tudo é solidão, meu coração se torna ou vazio ou cheio demais, as vezes me dá vontade de chorar, as vezes só de poder não existir.
Algumas raras vezes o não ser me da prazer, e eu paro morta a assistir a vida que me cerca, e me mantenho viva, tragando do mundo cores e formas.
Fisicamente eu era a toda dor nas costas, visto que eu não queria estar presente, mas, obrigava-me a estar tencionando meu corpo, a vontade era que o tempo passasse, e olha eu amo meus amigos... muito mesmo.
Tornei-me aos poucos muda, e calada, despedi-me.
Nada me bastava, era tamanho o vazio que sentia, eu poderia rezar para que alguém chegasse e acabasse com a Assembléia de meus eus e não me deixasse mais sozinha, a única que por duas breves vezes veio falar comigo Foi Atriz sem nome.
_É Fantasma, estamos todas FO-DI-DAS e não do jeito gostoso, saca coito interrompido rsrsrsrsrsrsrsrsrsrs, estar chapada não mata a dor, não mata, talvez sexo? Hum talvez.
Olha gata, aconteceu o seguinte, Aquela mulher brevemente se perdeu de si, e você sabe que esse tipo de sofrer, só eu e você agüentamos, daqui a pouco uma solução aparece.
Huhuuhuuhubuohuniikhi, (baba de tanto rir, cospe sangue), só nós duas... o mundo será preto e branco.
Boa sorte ai, vou voltar para a assembléia. (Dá o ultimo trago no cigarro, solta a fumaça pelo nariz, e arremessa a bituca longe, brava...)
Sou só fumaça, só pensamento quase sem forma...
Quero que fiquemos felizes, quero me sentir bem.
Algo terá de acontecer, não posso passar mais um dia manifesta, essa assembléia há de terminar... é preciso.




A Fantasma

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